Nos idos dos anos de
1950, meus amigos de infância e eu participamos de uma campanha eleitoral que
ficou famosa na história de Pouso Alegre. UDN e PSD eram as duas principais
forças políticas na cidade. O Dr. Custódio Ribeiro de Miranda (PSD) venceu uma acirrada
disputa (por poucos votos) com o Dr. José Fagundes Sobrinho (UDN).
Daí a criançada também
resolveu fazer uma eleição. Dividiram-se democraticamente em duas chapas,
formadas com candidatos a Presidente, Vice-Presidente, Governador,
Vice-Governador, Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Prefeito,
Vice-Prefeito e Vereadores.
A casa do Zé Amaral era
o QG da UDN, enquanto que a casa do João Paraguai era do PSD. O José Luiz e o
Ary estavam entre os principais candidatos. Passávamos as tardes dobrando
cédulas, angariando votos, convencendo amigos, entre o vôlei na casa do “Tio
Celso Faria” e o jogo de botão na casa do Ary Rosa.
Por onde andará o
Hiltinho Fagundes, filho do Dr. Fagundes, candidato eleito a Presidência da
República, olhos de jabuticaba e dentes de pérola? E o candidato a
Vice-Prefeito “Kokílio”, Virgínio Cândido de Souza, quase um irmão, já me
perdoou por eu ter votado no Luizinho Pífer, por pura paixão política?
Alô, Ana Célia Pedroso
Faria, de tranças louras, rival, poetiza, como gostei dos seus versos!
Cristiana Vidal, Márcia Lamy, saudades daquela época.
Alô, Allan Kardec de
Azevedo, moleque magrelo e danado, nome de guia, anjo da guarda da minha
infância que me livrou de um punhado de situações difíceis!
Alô, José Reginaldo Nunes
de Castro, de olhos castanhos tão tristonhos, primeiro namoradinho de infância,
onde estará você?
Alô, Rute, Jacy e
Adelaide Elias, Luiz Gonzaga Delfino, Ronan Amaral, Maria Célia Simões Beraldo,
João Batista Simões Beraldo, Elísio de Miranda, Helly Machado Homem, Wanes
Magalhães, Maria Imaculada Marques de Oliveira, Maria Helena Peres Rebelo,
Maria Alba Beraldo Amaral, João Miguel de Paula, Ana Isa do Valle Pereira, José
Roberto de Paula, Edmir Magioti, turma dos andantes e das crianças!
Vocês estão ouvindo
nossas risadas no Parque Infantil (Praça
João Pinheiro), os pitos do Seu Licínio no Cine Eldorado, a sirene das matinês
e o alto-falante do Andare, com a Nini Fernandes discursando: “Para frente e para o alto as torres da nova
Catedral”?
Quem se lembra do Baile
da Vitória na casa do “Zé Elias” – coração do tamanho do mundo – ao som dos
baiões do Luiz Gonzaga?
– Liso ou repicado?
Que tal tentarmos
devolver aos nossos filhos o clima de pureza, liberdade e de verdadeira
democracia da nossa infância?
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