O popular
Rabo Verde, ou o "Seu Antônio", foi uma daquelas figuras pitorescas
que habitam as pequenas cidades do interior. Andava pelas ruas, catando as
coisas, mexendo nos lixos. Dizem que era inteligente e que até contava uns
“causos” da sua mocidade: dizia que tinha sido padre.
Por algum
motivo desconhecido, mas que um dia os pesquisadores ainda vão revelar, ganhou
o apelido de Rabo Verde. Não podia mais ficar tranquilo no seu canto, que logo
vinha a molecada e gritava: “Rabo Verde! Rabo Verde!”. E “Seu Antônio"
ficava furioso, começava a falar coisas que ninguém entendia e corria atrás das
crianças.
Vicente,
um fazendeiro da cidade, gostava de conversar com ele, pois tinha pena da sua
situação. Um dia mandou "Seu Antônio" tomar banho, literalmente,
dizendo que lhe compraria roupas novas e oferecendo também dois pares de
sapatos.
Rabo
Verde ficou arredio e desconfiado, mas acabou aceitando a proposta. Tomou o
banho, achou muito estranho todo aquele traje novinho em folha, mas foi embora
limpo e elegante.
No outro
dia, porém, lá estava ele de novo, perambulando pela cidade, com suas velhas
roupas habituais. Ele era feliz daquele jeito! Provavelmente teria cedido o
presente a alguém mais apropriado ou quem sabe até “passado nos cobres”.
–
Azeitona tem asa?”, Rabo Verde perguntava. Diante da resposta negativa de quem
estivesse por perto, ele concluía: “Então acho que comi um besouro!”
Um
“causo” famoso do Rabo Verde foi quando ele pediu para apanhar chuchu no
quintal da casa da Dona Zezé. Ela deixou, pensando que ele iria colher só um
pouco, mas Rabo Verde acabou limpando todo o chuchuzeiro. No dia seguinte
passou pela rua vendendo chuchu:
– Olha o
chuchu, vai querer Dona Zezé?
–
Obrigada, Seu Antônio, mas tenho muito chuchu lá no quintal.
– Tem
mais não, Dona Zezé. Ontem eu apanhei tudinho.
Rabo
Verde, personagem de Pouso Alegre, nos tempos em que era uma pequena vila no
sul de Minas.
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